Dia dos Pais

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

CORDEL DO APRENDIZ


Autor: Site teatro Evangélico.com
Adaptação: Junior Martins
Direção: Renato Vinicius


Na roça, uma família dominada pelo pai que não quer saber de Deus, igreja...
Esposa e filhas tentam várias vezes, levar o pai a aproximar-se de Senhor...
As forças da oração e da fé abrem as portas do coração do pai.

Cenário
Sala de uma casa típica de interior

Personagens
Maria
João
Zezinho
Maria Cremilda
Crianças (quantas ditar propícia)

Narrador canta em forma de cordel:
Hoje venho pra contar a história do João que é bravo pra dana e não aceita nada não. Sr. João é da fazenda e não tem estudo não, não sabe lê nem escreve e não “conhece” religião.

No centro do palco se encontra João e Maria sentados em cadeiras.

João: Meu nome Jão, essa é minha muié Maria, nóis tem duas fiá (entram várias crianças) duas dúzia.

BLACKOUT

Entra Sr. João

João: Oh muié, ara... Que fome! Oh muié, meu bucho tá vazio, daqui a pouco ele arria por baxo.
Maria: Carma Jãozinho, aqui óia. Arroiz com cardo de arroiz. Delícia... (lambendo os beiços)

Enquanto João come Maria rodeia a mesa inquieta.

João: Ara muié, q tá arrodiando a mesa ingual urubu? Se ocê tá cum fome vai pega pru’cê.
Maria: Num é nada disso homi... É que... A Dona Cremilda chamo eu pra i na ingreja hoje e ...
João: Já vem ocê cum essa história de novo... Já falei pru’cê muié que num vai em lugá ninhum. Ocê tá me achando com cara de mula é?
Maria: Ara Jãozinho, que mula nada... Ocê é um toro, forte e valente.
João: Nem vem adula muié, ocê que tantu faze u que nessa tar di ingreja hein? Já vi as muié ingual potranca dançando e cantando lá... Tu tá querendo apronta né muié?
Maria: Ara Jãozinho, pára homi. Se sabe que num é assim...
João: Sei de nada não.

Zezinho entre na conversa e começa a acusar sua mãe.

Zezinho: ara pai. Num é que eu já vi a mãe e Cremilda rondando pelos aqueles canto da ingreja. Eu num sei não, mas eu to desconfiardo que elas istão aprontando por aquelas bandas de lah.
Maria: Oce, cala sua boca muleque linguarudo. Não fique enchendo a cabeça de seu pai de caraminhola, não.
Zezinho: Conto mesmo. Nem ocê, nem Cremilda podem ficar zanzando por lah sozinhas. Pois isso é coisa de muié que num tem nada o que fazer. Num é pai?
João: É verdade. Fique de olho bem aberto nessas duas pra mim Zé. E eu vou ali, vou buscar umas murdas de boldo para mode de eu tomar. To com um dor nos estrombo. Deve ser ate castigo de Deus.
Maria: Mas é craro, num vai a ingreja...
João: Tenho mais o que faze muié...
Maria: Jãozinho... Eu levo as crianças... E ocê fica descansando...
João: Já disse que não muié, ocê num vai ensina essas coisas pras minha moça.Num quero vê minha muié e minhas moça na rua.
Maria: Mas Jãozinho eu num vô tá na rua... Vô tá na ingreja.
João: Pió ainda.
Maria: Óia aqui Sr. João, eu num sai da cidade pra...
João: Ara muié, óia como fala...

Maria abaixa a cabeça

João: Até perdi a fome. Bora Zezinho comigo pra mode de nóis buscar umas mudas de boldo. Depois nóis vai pegar uns peixe gordo. Deu vontade de cumer peixe ensopado.
Zezinho: Ué, pai... e a mãe? Num é mio a gente ficar aqui e vigiar elas?
João: deixa sua mae menino. Ela sabe muito bem o marido que tem.
Maria: ara, parem de balangar os beiço e vão pescar oces dois.

Maria pega o prato e quando vai saindo vê sua filha escondida

Maria: Escutando conversa outra vez né?
Maria Cremilda: O pai e o Zé é muito chato...
Maria: Óia o respeito menina...
Maria Cremilda: Eu respeito mãe, mas...
Maria: Já tá tarde Maria Cremilda, vá drumi...

Quando a mãe vira as costas

Maria Cremilda: Hoje eu fui na igreja...
Maria: Ara menina... Desobedecendo seu pai?
Maria Cremilda: Eu tava indo estuda e ouvi eles cantarem e dizerem bem alto: Deus é lindo... Quem é Deus mãe? Ele mora aqui perto?
Maria: Ele mora mais perto do que ocê imagina...
Maria Cremilda: E a senhora nunca me apresentou ele?

João entra aos gritos

João: Ara, Ara... O que ocês duas taum fazendu? Taum de trelele á essa hora? Vaum pru quarto agora.

João puxa Maria Cremilda

João: To cansado de ensinar moça minha a ser prendada, moça minha não fica pelos cantos carcarejando...
Maria Cremilda: O Sr. não quer aceitar a realidade pai...
João: Ara menina e oq ocê sabe de realidade? Ocê não entende nada... Nem da sua própria vida.
Maria Cremilda: Eu entenderia muito mais se ocê me deixasse í na ingreja pai.
João: Se ocê não pará de falação vô te cafofa menina... Sua mãe já enchendo sua cabeça de caraminhola.
Maria Cremilda: Eu vejo a ingreja cheia de gente pulando, dançando... Eles sim são felizes.
João: Eles são assanhados isso sim.
Maria Cremilda: Não são não pai.(começa a chorar)
João: Já disse pru ce não retruca menina... E pára de choro, já é hora de moça minha tá na cama. Zé leva sua irmã pro quarto dela. Oce tinha que ser iguar seu irmão. Iguar um cachorro adestrado.
Zezinho: “Pó-deixar pai. Vou por essa minina nos eixo.

Saem cada um para um lado...
Luz baixa...
Luz alta...
Carcarejo de galo


Maria Cremilda: Vamos meninas, vamos atrasar. Daqui a pouco quando nois chegar num vai ter mais lenha não. Daí lah vem a hora de seu pai falar ate babar.
João: Leva suas fia Maria.

João sai por um lado Maria e as crianças por outro.
Na estrada...


Maria Cremilda: Mãe, vamos passar pertinho da ingreja. Vamos dar uma entradinha?
Maria: Não menina, seu pai num ia gosta...
Maria Cremilda: Mas ele num ia nem saber... Vamo mãe.

Maria Cremilda puxa a mãe pra dentro da igreja e as irmãs correm atrás
Uma das irmãs: Cadê o homi pelado que ocê viu?
Maria: Ara menina, óia o respeito dentro da ingreja.
Maria Cremilda: Num sei. Psiuuu!

Menos de um minuto depois Maria puxa as filhas

Maria: Vamu, já tá tarde.
Maria Cremilda: Mas mãe nem terminei.

Maria sae puxando as filhas
Maria em casa varrendo e escutando música sertaneja num radinho á pilha. Olha para os dois lados e muda a rádio sintonizada. Ao ouvir uma música agitada de igreja começa a dançar. No auge de sua empolgação João entra furioso e desliga o som.

João: Ocê tá ficando atrevida igual muié de ingreja.
Maria: Eu só tava...
João: Dançando... Eu ví.
Maria: Mas era pra Deus...
João: Ocê lá conhece Deus... Cê nem sabe se ele é bão ou não...
Maria: Sei sim Jão, e ocê também sabe...Sabe que ele morreu na cruz por nós.
João: Por acaso ele ia ser mula de morrer por nós? Isso é tudo mentira.
Maria: Pára Jão, você sabe que num é assim. Ocê sabe tudinho da vida dele.
João: Sei mas não queria nem saber. E ocê num vai ficá ensinando essas coisas pros meu fi..
Maria: E por quÊ não JoÃo?
João: Ara muié, não quero que eles sofram...
Maria: Pára de bobeira homi... Deus não faz ninguém sofrer, muito pelo contrário.
João: E por que ele me fez entaum? Levo meus pais e me deixo na miséria...
Maria: Ocê só não sabe a resposta por que nunca perguntou pra ele.
João: Não quero mais papo com esse tar de Deus.
Maria: Não adianta cê fugi Jão, se ocê não encontra cum ele aki ocê vai encontra lá no cer.

João abaixa a cabeça

Maria: Ocê é um homi bão de coração. Por isso nunca desisti de ocê. E esse tar de Deus que ocê diz é que num deixó eu te largá. Se ocê dê uma chance pra Deus faço uma canjiquinha pru`cÊ. Que tar?
Zezinho: Ara pai. Num ouve a mãe. Crente é tudo doido.
João: Ara muleque, cala a boca. Deixa sua mãe falar...(bravo)
Maria: Ara Jãozinho.(carinhosa e o acariciando)

João anda para um lado e para o outro enquanto Maria o olha com carinho. João pára no centro do palco.

João: Tá bom muié, mas ocÊ que num faiz minha canjica pra vÊ...
Zezinho: eu que num vou virar crente.
João: Ara menino. Se oce num virar crente por bem, vai virar por mal. Nem que eu corte uma vara arueira e casseto oce.
Zezinho: ta bom pai. Ta bom. Num bate e mim não. Ai oh? Pronto.Sou crente agora!
Maria: Bem mio. Todo mundo na ingreja.
João: agora vai muié, fazer a canjica pra eu.
Maria: Craro que faço Jão.
Narrador (canto em forma de cordel):Sr Jõao foi vencido pela oração de Maria, seu coração amolecido e sua fé fortalecida.
Maria (canto cordel): A paciência é o Dom divino que Jesus me cedeu e hoje tenho o marido que a mim prometeu.
Crianças (canto cordel): O coração do meu papai Jesus converteu e o que era impossível hoje mesmo aconteceu.

Silêncio, todos olham para João.

João: Ara, ocês já querem demais.



Meu pai é melhor que o seu

Evento: Dia dos Pais
Direção: Renato Vinicius
Roteiro: Junior Martins
Figurino: Simone Leandro

Os atores deverão estar caracterizados de crianças. Juquinha entra em cena procurando por Mariazinha.

Juquinha: Um, dois, três, quatro, cinco, sete, nove, onze. To indo...Mariazinha, oooooo Mariazinha! Cadê você, heim? Já parei de brincar...Aparece menina. Se você não aparecer, vou falar com seu pai.
Mariazinha: já to aqui menino enjoado. Ah, ta vendo? Você me chamou porque sabia que nunca, mas nunca nessa vida ia me encontrar. Sou muito “mais melhor” do que você pra esconder.
Juquinha: ae? Ae? Quem te disse isso? Eu que sou “mais melhor” que você. Eu já tinha te achado há um tempão já.
Mariazinha: aaaa ta, duvido!!! Onde eu estava então , heim?
Juquinha: Você estava... é... você estava.... ihhhh, eu não vou falar agora, porque meu pai está vindo ai, e ele me disse que não é para eu ficar conversando com você.
Mariazinha: Deixa de ser mentiroso, seu pai não falou isso.
Juquinha: falou sim, não é pai?
Chico: Falei o que menino?
Juquinha: falou que não era para eu conversar com essa menina? Não falou?
Chico: Juca, Juca... Está mentindo de novo rapazinho. Nunca te disse isso.
Mariazinha: mentiroso, mentiroso... Quem fala mentira, não vai pro céu, seu bobão!!!
Juquinha: ae? Então se for assim, você também não vai. Porque você disse que tem pai, mas eu nunca vi seu pai.
Chico: Meninos... Juca, to saindo pra trabalhar, sua mãe mandou você entrar daqui a pouco pra ir pra escola. Juizo menino!
Juquinha: Juízo, eu tenho pai... Eu só não uso...
Chico: ah menino!!! Manda um abraço pro seu pai, Mariazinha!
Mariazinha: Ta bom! Sabe Juquinha,meu pai é um homem muito ocupado. Ele não tem tempo de ficar balangando beiço ou batendo perna por ai não. Ele trabalha numa grande empresa. Ih, meu filho... Ele é muito rico,só anda chique e é fortão...Nossa, meu pai é forte de mais, ele consegue me levantar com uma mão.


Nessa hora, chega o pai de Mariazinha, mal-vestido e sujo de graxa.

Mariazinha: Pai, uai, o que aconteceu? O senhor sofreu um acidente? Ah,já sei,está brincando de mendigo de novo? Meu adora brincar disso!
Manuel: O que filha?To vindo do serviço.
Juquinha: ah ah... mentirosa!!! Seu pai não é rico, coisa nenhuma!
Mariazinha: Ihhh menino, é sim.. é porque ele gosta de andar sujo de graxa. Para não mostrar que ele tem muito dinheiro.
Juquinha: aaaaaa já sei..ão ão ão seu pai é pião.. (risos)
Mariazinha: não é não!
Manuel: Meninos, que papo é esse?
Juquinha: ela falou que o senhor é rico, mora numa casa grande e falou um monte de mentiras...Ela também não vai pro céu. Vai ficar comigo aqui... h
Manuel: Filha, por que você disse isso?
Juquinha: é porque pai. Ele fica dizendo que é rico, que o pai dele é melhor do que o senhor. Daí eu inventei essa história.
Manuel: quem é rico? O sr. Chico? Hahahahha
Juquinha: é sim, meu pai tem muito mais dinheiro que o senhor.
Manuel: uai, então ele recebeu aumento e eu não. Porque nós trabalhamos no mesmo lugar. Ele pode ser rico de outras coisas.
Mariazinha: ao ao ao seu pai também é pião!!!


Chico chega nessa hora...

Chico: bom dia Manuel... O que essa meninada está aprontando ai?
Manuel: Como sempre, só confusão... Meninos... Será que é isso que vocês devem valorizar em seus pais? O quanto eles tem ou como ele são fisicamente?
Mariazinha: ah, pai... é porque todo mundo da escola tem pai que é médico ou advogado. Ai, eu não poderia falar a verdade. Se não eles me zoariam.
Manuel:Não é isso que eu te ensinei. Papai está triste com você, mocinha...
Chico: E você rapazinho? Que coisa feia filho! Será que Deus se agrada disso? Quantas vezes eu já falei que mentira é pecado.
Juquinha: Dez vezes só ontem. Fora semana passada. Quando eu menti dizendo que o senhor jogava mais que o Ronaldinho Gaúcho. Todo mundo acreditou ate que te viram jogando, dai a casa caiu!
Manuel: vocês dois tem que aprender a amar seus pais do jeito que eles são. E quando nós ficarmos velhinhos, o que vocês vão fazer?
Mariazinha: Ue, pai... Tem um asilo bom ali.. Todos os velhinhos felizes vão pra lá.
Manuel: ae? Antes de você me mandar pro asilo vou te mandar pro orfanato.
Mariazinha: FEBEM não pai, FEBEM de novo não! Estou só brincando, viu?
Manuel: Mas tem que estar brincando mesmo. Porque, pergunte para os velhinhos dos asilos, se eles não gostariam de estar com seus filhos? A maioria foram abandonados por quem eles mais amam e gastaram tempo cuidando a vida inteira.
Juquinha: ta bom sr. Manuel... Pai... Desculpa por não te aceitar da maneira que você é... Prometo que a partir de hoje quem me perguntar quem é o meu pai, vou falar que o senhor é pião, ta bom?Mas não qualquer pião, é o super pião!
Chico:ai ai ai... ta bom filho...
Mariazinha: Pai, quando o senhor ficar velhinho, eu prometo construir uma casa pra você e pra mamãe morar comigo, assim eu posso cuidar de vocês. Ate porque a idade chega as vistas não obedecem, cabelos caem, as rugas aparecem, os pés de galinha dão ar de sua graça.. então é melhor ter alguém pra levar vocês pra passear.
Manuel:Que garotinha amável (ironia)... Deus se alegra com a sua atitude. Honrar seus pais te fará viver bem aqui. Bem, vocês estão aqui conversando, mas eu acho que vocês já deviam estar no banho, porque é hora de ir pra escola.
Chico: é mesmo, olha só... eles ficaram caladinhos,e nem nos lembraram. Vamos embora, Juquinha. A propósito, o senhor estudou pra prova de matemática hoje?
Juquinha: estudei, eu e a Mariazinha estudamos juntos.
Mariazinha: ae? Eu não sabia que brincar de esconde-esconde ajudava na matemática .
Juquinha: Quieta Mariazinha! Para de me vender sô!
Chico: aé? Agora é hora de brincar de sentar...
Manuel: sentar? Como assim?
Chico: Sentar a correia nesse menino. O menino abençoado sô. Volta aqui menino!
Juquinha: ah não, pai...
Manuel: vamos embora também Mariazinha, chega de rua...
Mariazinha: Deixa eu ficar só mais um pouquinho Pai...


Todos saem de cena conversando...